O mercado de saúde está em intensa transformação. Com o uso intensivo de novas tecnologias, as pessoas vivem mais e a população está envelhecendo. Segundo estimativas do Banco Mundial, em 2040 o planeta abrigará 9,2 bilhões de pessoas. Estaremos em maior número e seremos mais velhos. O Censo de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostrou que o brasileiro vive, em média, 75 anos. Enquanto isso, a população dos Estados Unidos vive, em média, 79 anos, e os mexicanos, cerca de 76 anos. No caso do nosso Estado, a expectativa de vida chega aos 76 anos. Apesar de superior à média nacional, vivemos menos que os vizinhos de Santa Cataria, com expectativa de 78 anos, e do Distrito Federal, com 77 anos em média. A tecnologia no setor de saúde, na minha opinião, está ligada a uma mudança estrutural relacionada à situação financeira dos hospitais públicos e privados, clínicas e operadoras de planos de saúde.
A destinação das verbas para saúde pública diminui a cada ano, e o caos no atendimento é uma realidade. Segundo levantamento da Associação Contas Abertas, que monitora as contas públicas, de 2014 até 2016 ocorreu uma redução de 45,5% da verba destinada à saúde. Os empreendimentos privados estão sendo desafiados pela retração econômica, pelo custo maior da inovação e por uma inflação média superior ao índice que corrige os preços dos planos de saúde. Com a crise, pacientes tiveram que fazer uma escolha, entre pagar o plano de saúde, ou a escola dos filhos, ou a prestação da casa própria. Manter um profissional médico é caro. Segundo dados do Ministério de Saúde de 2016, apenas 7 entre as 53 especialidades da medicina reconhecidas concentram mais de 50% dos profissionais médicos de todo o território brasileiro. O resultado disso é um déficit e acabamos convivendo com a falta de profissionais.
Na economia, déficit é sinônimo de escassez, e escassez significa preço elevado. A necessária transformação digital, que já uma realidade em diversas áreas do conhecimento, chega na medicina em caráter desafiador e transformador. A digitalização dos prontuários médicos, inteligência artificial, cirurgia digital, robótica e a internet das coisas permitem as trocas de informações entre médicos e dispositivos e servem de base para a tomada de decisões e para a elaboração de políticas públicas eficientes. O paciente, tão logo, poderá ser beneficiado com a medicina do futuro, com um atendimento mais ágil, da ampliação da medicina preventiva e da redução de filas e do período de internação. A tecnologia não irá substituir os médicos, mas, sim, auxiliá-los. As startups, que revolucionaram a economia global, chegaram na medicina tradicional. Um exemplo disso são os adesivos inteligentes, que, grudados ao corpo, podem monitorar os sinais vitais do paciente e o telediagnóstico, já utilizado na oftalmologia. Colabora para a redução de problemas como miopia, astigmatismo e hipermetropia.